sexta-feira, 9 de novembro de 2012

1 Minuto

Foi um minuto.
A luz acabou.
Os relógios pararam.
O vento cessou.
O silêncio reinou.
O mundo parou.
Foi só um minuto.

Na manhã seguinte os espelhos não refletiam mais as cores.
Nem nas fotografias e nem nos vídeos apareciam as cores.
Era escala de cinza.
Com os olhos se via colorido, mas não era mais possível reproduzir as cores.
Da ponta do lápis azul no papel branco traçando uma linha,
No segundo seguinte o azul era cinza.
As cores não podiam ser gravadas, não tinham passado.
Estavam presas no presente,
No visível,
No instante,
Na mente.

Alguns choraram e outros sorriram.
Mas isso foi só até o final do dia, até a lua aparecer.

Foi um minuto.
Um trovão ecoou.
Os relógios adiantaram.
As luzes piscaram.
Estrelas apagaram.
O mundo balançou.
Foi só um minuto.

Na manhã seguinte ninguém conseguia ouvir.
Aumentavam os volumes, mas nada escutavam.
Tudo parecia estar bem devagar.
Buzina, latido, rádio, barulho, ruído...
Nada se ouvia, nem a própria voz.

Alguns choraram e outros sorriram.
Mas isso foi só até o meio dia,
Até o sol aparecer.

Foi um minuto.

Jonatas Pierre

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Voltas in Certas

A cada passo um passo, um compasso, um espaço.
Há caminhos que não tem volta,
Há voltas que nos tiram do caminho,
Há caminhos que só dão voltas,
Há voltas que embolam todos os caminhos.

As horas marcam por de trás do avesso,
Um dia termina tudo aquilo que já foi um começo,
Se não sobe mais pelos cantos em prantos se escode,
Era o arco da íris em plena crise que dura pra mais de dois mil anos.  

Vento leve fraco e sombrio,
Que em todas as espinhas causa arrepio,
E há quem duvide que não seja a mesma coisa,
E há quem insiste que agora tudo é diferente,
E há quem acredite que irá piorar muito daqui pra frente,
E há quem finge que vive em um mundo todo sorridente.

Na cara e na coroa do espanto escondido atrás dos dentes,
Na vala e na vela da esperança de novos tempos vigentes,
Vibrando timbrado na folha no papel amassado,
Ecoando fileiras estreitas de um breve presente passado apertado.

Guilhotinas apontadas pro silêncio vazio,
Armadilhas armadas pra prender o futuro,
Cautelosas estradas pro porto seguro,
Descansar sentado a beira sombra em um sofá macio.


Jonatas Pierre

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quase


Ele conversava em sua própria mente,
Ali não tinha medo de nada.
Criava e inventava sons,
Trocava as cores, dobrava o céu,
Estimulava na boca o gosto do mel.
Sorria sem fim,
Sem tempo,
Sem eco.

Reposicionava as pessoas como se fossem brinquedos.
Era livre, tinha um tigre, não tinha cabelo e não sentia frio.
Diminuía, crescia, batia no chão igual borracha.
Não se machucava, não dormia, não sentia fome e nem dor.

Esticava-se, questionava as pessoas sobre a vida,
Formulava as respostas logo em seguida,
Ia formando um paredão sem fim de perguntas não respondidas.
Não entendia a maldade humana,
Desconhecia o que era solidão.

Cantava e dançava sempre em grandes companhias,
De Pinóquio a Chico, de Colombo a Lampião.
Quem pesava a pena, do chumbo espantava.
Corria sobre os rios, patinava sobre o mar.
Transformava vinho em água, coloria a escuridão.

Só não conseguia amolecer os jovens corações tão duro quanto pedras, que estão escondidos atrás de rostos maquiados que celebram com gratidão a ingrata mentira que acreditam ser uma possível verdade em meio a um labirinto de placas mal sinalizadas.

Jonatas Pierre


terça-feira, 9 de outubro de 2012

In Tenção

Como entender aquilo que não se vê?
O sol do alto brilhando em todas as direções
Um imã central atraindo matérias
A linha do horizonte sem fronteiras
Cores que atravessam montanhas
Sem início e sem fim.

Barulhos rangendo sem identificação
Clarões em linhas distorcidas no meio da escuridão
São ventos, são lágrimas, são gritos, são dores
São espelhos velhos com vidros novos
Renovando reflexos em cada geração.

Roupas novas e sorrisos falsos
Que embalam a falsa impressão de uma nova estação
Máscaras de aço em grande produção
Que alimentam a alma e enchem os corações de esperanças e enganos
Delineando em planejadas expressões
Uma marcha em movimento retilíneo uniforme
Que caminha para onde quiser que vá a intenção.

Jonatas Pierre

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Rede

Ele não usou lenço hoje, não leu jornal, não penteou os cabelos, não colocou o suspensório. Não saiu, não sorriu e não comeu. Ficou deitado na rede de pijama azul, olhando para o tempo, contando as nuvens, lembrando-se dos eventos que naquele dia rechearam a sua agenda.

Não quis ir, quis ficar aqui esperando o sol se por. Há muito tempo não parava para olhar o por do sol. Casa, trabalho, trabalho, escola, em um ritmo indeterminado. Hoje lhe deu férias, não fez a barba, não cortou as unhas, não trocou ‘bom dia’.

Deitou ali, sem pensar nas horas, sem lutar com o trânsito, sem contar os dias. Ficou sem internet, sem celular e sem TV. Escutou o silêncio, sentiu o vento e não parava de bocejar. Era homem, era natural, era um ser tão ser quanto outro ser.

Olhou sem pressa, respirou tranquilo, não franziu a testa. Descansou, sentiu no corpo e na mente o alívio de ainda ser gente. Gritando por de trás de uma casca moldada a ganância ainda existia uma alma, sufocada pela corrente crescente pra frente de uma futilidade sem fim. Carente alma de simplicidade e amor, exibindo seus raios puros no balançar de uma rede em um dia sem horários, sem medo, sem lente e sem dor.

Jonatas Pierre

domingo, 30 de setembro de 2012

Por ai

Pode não ser lindo,
Mas me acompanha por ai...

Com encontros e desencontros
Está comigo de dia
Está comigo de noite
Ora me escapa pela falta de papel
Ora se perde ao vento

Ora se vai a ouvidos alheios
Ora vem como estrangeiro
Ora sai rápido ligeiro
Ora passa lento e estreito

É um longo extenso resumo curto
Que alegra meu viver
Que conta meus passos
Até eu adormecer

Jonatas Pierre

terça-feira, 18 de setembro de 2012

In-das

O horizonte é azul, as estrelas guias me guiam. Nada por acaso, nado ao acaso e os dias... Os dias não param.
Labirinto perdido de idas em areias finas passando por lençóis freáticos frenéticos em movimento ao som de lamento onde lá mente a pobre mente.
Medo do ir, fuga do vir...
Trajeto composto in-adequavelmente exposto em uma mesa de bilhar.

É gente que chora,
É gente que sorri,
É gente que passa,
É gente que fica.

São certezas próprias de um futuro já vivido, lembranças natas de um passado que ainda será percebível. A mesma escada que serve para subir, também serve para descer. Cada quadro em seu ex-quadro do quadrado. A saudade marca o chão, o brinde levanta a poeira e a lua ilumina a escuridão.

São sombras das pegadas que com o tempo foram construídas, desgastes letais de uma alma ferida, cercada de medos e rodeadas de incertezas. Mas quem sabe? Quem não teme e treme... Nem todo salto é para o alto, nem todo risco é arriscado, nem toda ida é sem volta, nem toda reta está livre de curvas...

É do cultivo que se cresce, é do caminhar junto que se firma, é do estar presente que se fortalece. Quem ama floresce, não esquece, não cobra. Quem sabe valorizar sabe o que é colher... e colhe bem.

Jonatas Pierre

domingo, 9 de setembro de 2012

Queira

Quem quer fugir desse mundo? 
Quem quer logo mais cedo sair dos trilhos da vida?

De fato a certeza que temos está no aqui, no agora, no presente...
Mas porque não usufruir desse presente momento presente com sabedoria, equilíbrio, paz e bem estar...?
E desfrutar de tudo isso em pleno vigor físico, com a saúde em dia, o corpo em alta, astral elevado, energias renovadas, estima sem estimas e limites...
Confiança, disciplina, dedicação!
Eu posso, você pode... Nós podemos!
Caminhemos juntos e esperançosos rumo ao belo novo mundo novo em total sintonia com o nosso ser, com o nosso ‘eu’, com o nosso corpo, com nossa alma.
Disposição bem alimentada... pensamentos organizados... organismo a todo vapor!
Enfrentemos nossos obstáculos superando nossos medos. Corpo leve mente livre. Sempre em frente e unidos. Em harmonia com a vida e com a vida saudável.
Sinta... Seja... Queira! 


Jonatas Pierre