Não quis ir, quis ficar aqui
esperando o sol se por. Há muito tempo não parava para olhar o por do sol.
Casa, trabalho, trabalho, escola, em um ritmo indeterminado. Hoje lhe deu
férias, não fez a barba, não cortou as unhas, não trocou ‘bom dia’.
Deitou ali, sem pensar nas
horas, sem lutar com o trânsito, sem contar os dias. Ficou sem internet, sem
celular e sem TV. Escutou o silêncio, sentiu o vento e não parava de bocejar.
Era homem, era natural, era um ser tão ser quanto outro ser.
Olhou sem pressa, respirou
tranquilo, não franziu a testa. Descansou, sentiu no corpo e na mente o alívio
de ainda ser gente. Gritando por de trás de uma casca moldada a ganância ainda
existia uma alma, sufocada pela corrente crescente pra frente de uma futilidade
sem fim. Carente alma de simplicidade e amor, exibindo seus raios puros no
balançar de uma rede em um dia sem horários, sem medo, sem lente e sem dor.
Jonatas Pierre
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