quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quase


Ele conversava em sua própria mente,
Ali não tinha medo de nada.
Criava e inventava sons,
Trocava as cores, dobrava o céu,
Estimulava na boca o gosto do mel.
Sorria sem fim,
Sem tempo,
Sem eco.

Reposicionava as pessoas como se fossem brinquedos.
Era livre, tinha um tigre, não tinha cabelo e não sentia frio.
Diminuía, crescia, batia no chão igual borracha.
Não se machucava, não dormia, não sentia fome e nem dor.

Esticava-se, questionava as pessoas sobre a vida,
Formulava as respostas logo em seguida,
Ia formando um paredão sem fim de perguntas não respondidas.
Não entendia a maldade humana,
Desconhecia o que era solidão.

Cantava e dançava sempre em grandes companhias,
De Pinóquio a Chico, de Colombo a Lampião.
Quem pesava a pena, do chumbo espantava.
Corria sobre os rios, patinava sobre o mar.
Transformava vinho em água, coloria a escuridão.

Só não conseguia amolecer os jovens corações tão duro quanto pedras, que estão escondidos atrás de rostos maquiados que celebram com gratidão a ingrata mentira que acreditam ser uma possível verdade em meio a um labirinto de placas mal sinalizadas.

Jonatas Pierre


Nenhum comentário:

Postar um comentário