Foi um minuto.
A luz acabou.
Os relógios pararam.
O vento cessou.
O silêncio reinou.
O mundo parou.
Foi só um minuto.
Na manhã seguinte os
espelhos não refletiam mais as cores.
Nem nas fotografias e nem
nos vídeos apareciam as cores.
Era escala de cinza.
Com os olhos se via
colorido, mas não era mais possível reproduzir as cores.
Da ponta do lápis azul no
papel branco traçando uma linha,
No segundo seguinte o azul
era cinza.
As cores não podiam ser
gravadas, não tinham passado.
Estavam presas no presente,
No visível,
No instante,
Na mente.
Alguns choraram e outros
sorriram.
Mas isso foi só até o final
do dia, até a lua aparecer.
Foi um minuto.
Um trovão ecoou.
Os relógios adiantaram.
As luzes piscaram.
Estrelas apagaram.
O mundo balançou.
Foi só um minuto.
Na manhã seguinte ninguém
conseguia ouvir.
Aumentavam os volumes, mas
nada escutavam.
Tudo parecia estar bem
devagar.
Buzina, latido, rádio,
barulho, ruído...
Nada se ouvia, nem a própria
voz.
Alguns choraram e outros
sorriram.
Mas isso foi só até o meio
dia,
Até o sol aparecer.
Foi um minuto.
Jonatas Pierre