segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Escrê e Vendo

Estou escrevendo
Escrevendo para uma moça qualquer
Que não tem nome
Não tem forma e nem endereço

Que sempre sorri
Que me pisca os olhos
E mexe as sobrancelhas

Arruma os cabelos
E morde os lábios
Que abaixa o rosto
E fita um olhar

Olhar tímido e com desejo
Fera inocente
Puro brilhar de alma limpa
Que me hipnotizam
Convidam-me para dançar
E me chamam para sair por ai
Sem ter hora de voltar

Ela não é como se espera
E não adianta esperar
Ela é todas em um só ser
Ela está em todos os lugares
Em cada esquina
Sentada em todas as pedras
Ela está no espelho
E talvez lá nem todos possam entrar

Ah se eu pudesse entrar nesse espelho
E seu lindo rosto tocar
Seu cheiro sentir e em suas mãos pegar
Roçar seus cabelos e bem próximo ao seu ouvido falar

Falar as mais belas poesias
Em doces melodias
Com leves harmonias
Falaria do sol
Falaria da vida
Falaria das cores
Dos sabores
Dos serenos e do luar

Falaria do amor
Que acaso seria um descobridor
Aventurando a falar por ele
A essa bela flor

Do amor que é um mistério
Que se desenha dentro de cada coração
O amor é um convidado estrangeiro a cada chegada

Seria um reencontro
De duas peças que na infância foram separadas
Um envolver dos corpos
Que a muitos se buscavam

Ela passaria a ter forma
Diante meus olhos
Ela atravessaria o espelho de volta

Os astros bateriam palmas
As estrelas assobiariam
As ondas por um instante cessariam
E os bichos começariam a cantar

Não sei se algum dia essa moça do espelho vou encontrar
Mas um dia desses posso ser encontrado
Pois posso estar em um espelho
De uma moça qualquer que me busca encontrar

Jonatas Pierre

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